Mercado imobiliário dos EUA recua com tarifaço de Trump e juros altos; vendas caem 5,9% em março

 Mercado imobiliário dos EUA recua com tarifaço de Trump e juros altos; vendas caem 5,9% em março

Alta nos preços era esperada, afirma especialista Heitor Kuser, que aponta impacto das tarifas, da inflação e da mão de obra estrangeira no setor



O mercado imobiliário dos Estados Unidos registrou uma retração significativa em março, com queda de 5,9% nas vendas de imóveis residenciais em relação a fevereiro e de 2,4% na comparação anual, segundo dados da Associação Nacional de Corretores de Imóveis. O cenário é consequência direta da nova onda de tarifas de importação aplicadas pelo ex-presidente Donald Trump e do aumento dos juros no país, que chegou a 8% sob o governo Biden.

Para o especialista em mercado imobiliário e CEO do CIMI360, Heitor Kuser, essa desaceleração já era esperada. “Essa alta nos preços dos imóveis já era esperada. O problema todo consiste em um simples fato: com o aumento das tarifas e a confusão gerada pelos juros americanos, o pessoal tem menos dinheiro para comprar. O americano se assusta com inflação e juros altos, eles não estavam acostumados”, explica.

Outro fator que pressiona os preços é a elevação nos custos com decoração e reformas. “Os serviços estão aumentando os preços por duas razões. Primeiro, muitos projetos de decoração utilizam materiais importados, especialmente da China. Com as tarifas, tudo fica mais caro. Segundo, a mão de obra também ficou mais cara, já que boa parte dos trabalhadores da construção civil são estrangeiros, e há uma espécie de caça às bruxas nesse setor”, comenta o especialista.

O volume de imóveis disponíveis no país subiu quase 20%, revelando uma demanda em retração. Especialistas apontam que a combinação entre oferta elevada, juros altos e custos crescentes tornou o ambiente menos favorável para compradores, especialmente a classe média americana, tradicional base de sustentação do setor.

Além da instabilidade causada pela guerra comercial com a China, a imposição de tarifas de até 154% sobre produtos chineses afetou diretamente os insumos utilizados na construção e na decoração, pressionando ainda mais os preços. A reação da China incluiu retaliações e a venda de parte dos títulos da dívida norte-americana, acirrando a tensão no mercado financeiro.

Para Heitor Kuser, o setor imobiliário dos EUA deve continuar enfrentando desafios. “O americano corre, o americano não compra. Essa é uma tendência de queda que ainda vai levar pelo menos mais dois anos para se reverter, especialmente por conta dessa ação do Trump e seus reflexos na economia”, conclui.


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