Efeitos interferem na qualidade do sono, na concentração, no aprendizado, nas relações sociais e na saúde emocional
A psicóloga Amanda Fernandes Calazans apresentou estratégias para um uso equilibrado da tecnologia. (Foto: IMED)
A Policlínica Estadual da Região Nordeste, em Posse (GO), realizou recentemente uma palestra voltada para usuários da unidade com o tema “Uso Excessivo de Telas”, conduzida pela psicóloga Amanda Fernandes Calazans. O objetivo foi conscientizar o público sobre os efeitos do uso abusivo de celulares, tablets, computadores e televisão na saúde física, mental e social, além de apresentar estratégias práticas para um consumo mais equilibrado das tecnologias.
O recente estudo Consumer Pulse, da Bain & Company, divulgado no mês passado, mostra que os brasileiros ficam, em média, 9h13 por dia conectados à internet, sendo 3h37 nas redes sociais. Já em outro estudo publicado pelo Daily Mail, adolescentes que passam mais de 2 horas por dia diante de telas têm o dobro de risco de desenvolver ansiedade e até 4 vezes mais chances de apresentar sintomas de depressão. Já uma pesquisa do Datafolha mostrou que 78% das crianças de até 3 anos e 94% das de 4 a 6 anos passam cerca de 3 horas por dia em frente a telas, mais que o dobro do tempo recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que orienta no máximo uma hora diária para crianças acima de 2 anos e nenhuma exposição para as menores dessa idade.
De acordo com a psicóloga, o excesso de tempo diante das telas pode trazer prejuízos silenciosos que, muitas vezes, só são percebidos a longo prazo. “Nosso objetivo é orientar a população para que faça escolhas mais conscientes em relação ao uso da tecnologia. Não se trata de proibir, mas de estabelecer limites que favoreçam o equilíbrio, a convivência social e a preservação da saúde mental”, destacou ela.
Durante a atividade, foram discutidos conceitos sobre o uso excessivo de telas, os impactos na qualidade do sono, na atenção, no aprendizado, nos relacionamentos sociais e na saúde emocional, além dos riscos relacionados à dependência tecnológica. Também foram apresentadas orientações sobre como estabelecer limites saudáveis e manter rotinas equilibradas no dia a dia.
Estratégias
Entre as estratégias recomendadas pela especialista estão criar horários “sem tela”, especialmente durante as refeições e antes de dormir, utilizar aplicativos de controle de tempo, estimular atividades de lazer fora do ambiente digital, manter os aparelhos fora do quarto à noite e, principalmente, dar o exemplo dentro de casa, demonstrando equilíbrio no próprio uso.
A psicóloga reforçou que, especialmente entre crianças e adolescentes, o uso excessivo pode comprometer o desenvolvimento cognitivo e emocional. “A exposição à luz azul das telas inibe a produção de melatonina, hormônio responsável pelo sono, fazendo com que o corpo interprete que ainda é dia. O excesso de estímulos e notificações também prejudica a concentração e a consolidação das memórias. Isso pode impactar diretamente a atenção, o humor e o desempenho escolar”, explicou Amanda.
Ela acrescentou ainda que momentos de descanso devem incluir pausas digitais. “Desconectar-se das telas é uma forma de reconectar-se com o mundo real. Caminhar, ler, conversar pessoalmente, brincar, cozinhar ou meditar são formas simples de relaxar, reduzir a ansiedade e aumentar a sensação de bem-estar”, ressaltou.
Amanda observa que tem atendido cada vez mais pacientes com queixas relacionadas ao uso excessivo de dispositivos. “É uma preocupação crescente, principalmente entre jovens que ainda estão em desenvolvimento. O papel dos pais é essencial, pois muitas vezes são eles que, em busca de tranquilidade, acabam incentivando, ainda que indiretamente, o uso prolongado das telas”, alerta.
A iniciativa reforça o compromisso da Policlínica Estadual de Posse com a promoção da saúde e do bem-estar, por meio de ações educativas que estimulam reflexões e incentivam hábitos mais equilibrados no uso da tecnologia.
