Médica infectologista da unidade traz orientações sobre cuidados necessários e como proceder no caso de acidentes com animais peçonhentos
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Segundo um estudo publicado no periódico Frontiers in Public Health, a ocorrência de acidentes envolvendo escorpiões no Brasil aumentou 150% na última década. Entre 2014 e 2023, foram notificados no país 1.171.846 casos de acidentes desse tipo, com um aumento médio de 10.363 casos por ano. As maiores taxas de letalidade foram encontradas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste (0,08%), conforme boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.
Diante deste cenário, o Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), unidade do governo de Goiás em Uruaçu, traz um alerta e orientações à população sobre acidentes envolvendo escorpiões. A médica infectologista do HCN, Nívia Ferreira, ressalta que em 2024, Goiás teve mais de 7 mil casos de acidentes com este animal peçonhento.
Em 2023, a unidade registrou 10 casos de atendimentos envolvendo acidentes com animais peçonhentos, sendo 2 por escorpião. Houve também um aumento considerável no último ano, quando foram registrados 19 acidentes, sendo 7 deles por picada desse animal. Até junho deste ano, já foram 18 casos com animais peçonhentos no hospital e 6 deles por escorpião.
“Essa alta incidência aqui em nosso estado reforça a importância de informarmos e orientarmos todas as pessoas sobre os cuidados necessários”, afirma a especialista. O escorpião habita regiões sujas que acumulam lixo, geralmente em quintais das casas, e esses locais são os mais propícios para acidentes. Na maioria dos casos, o principal sintoma é uma dor muito forte no local da picada, mas precisamos estar atentos aos grupos de risco.
“Nas crianças, esse veneno se espalha mais rápido e torna o acidente muito mais grave. No caso dos idosos também, por possuírem um sistema imunológico um pouco mais debilitado, esse risco de complicação é muito maior. Por isso é muito importante procurar uma unidade de emergência o mais rápido possível quando ocorre um acidente por escorpião”, alerta a médica do HCN.
O soro antiescorpiônico é distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita e está disponível nas unidades de emergência dos municípios. “Nas mesmas unidades onde há o soro de escorpião, temos também disponíveis soros para picada de cobra, para aranha, para alguns outros acidentes que possam acontecer. É importante que a população busque se informar qual é o ponto de referência que fornece esses soros. Geralmente são as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade”, conclui a médica Nívia Ferreira.
Informação é o melhor remédio
Ainda segundo o estudo publicado, “os números oficiais mostram um cenário profundamente preocupante, mas a realidade é provavelmente muito pior. Os acidentes com escorpiões não são apenas um problema emergente de saúde pública — são uma epidemia oculta que cresce sem controle. [...] Essa crise silenciosa continua a aumentar, colocando um número crescente de vidas em risco”, relata a publicação.
Em qualquer caso de acidente com animais peçonhentos, quanto mais rápida a busca por atendimento médico em uma unidade de saúde, melhor o prognóstico e menor o risco desse paciente.
