Cascavel se tornou o foco principal de casos de Chikungunya
no Paraná, com mais de 100 casos registrados oficialmente. Essa situação
preocupa especialistas, pois, além de afetar a saúde pública, os impactos da
doença têm chegado também aos consultórios reumatológicos. O Dr. Márcio Augusto
Nogueira, médico reumatologista, membro da Sociedade Paranaense e Brasileira de
Reumatologia e professor da Unioeste-Pr, ressalta a gravidade do problema: “A
Chikungunya é uma infecção viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti que
provoca sintomas como febre alta, dores articulares intensas, rash cutâneo
(grosseirão) na pele e, em alguns casos, diarreia e dor de cabeça. Na fase
aguda, os pacientes apresentam quadros articulares muito intensos, que podem se
estender por meses ou até anos”.
Os estudos brasileiros indicam que a artrite causada pela
Chikungunya tende a ser simétrica, afetando principalmente as mãos, seguidas
pelos tornozelos e joelhos. O Dr. Márcio explica: “Essa característica ajuda a
diferenciar a Chikungunya de outras doenças reumáticas, como a artrite
reumatoide, já que a infecção viral geralmente vem acompanhada de um quadro
febril”. No entanto, a preocupação aumenta devido à alta taxa de casos
crônicos. “Cerca de 40% dos pacientes continuam com dores articulares mesmo meses
após a infecção. Em alguns casos, essas dores persistem por mais de um ano,
exigindo tratamentos especializados com o uso de imunossupressores”, completa o
especialista.
Diagnóstico e prevenção
O diagnóstico da Chikungunya pode ser realizado por meio de
exames de sangue específicos. “Na primeira semana do processo infeccioso, o
exame de PCR-RT é o mais indicado. Já a partir da segunda semana, a sorologia
combinada com a análise clínica é fundamental para confirmar o diagnóstico”,
orienta o Dr. Márcio.
Para prevenir novos casos, o especialista reforça a
importância do controle do mosquito transmissor. “A faxina regular e a remoção
de recipientes com água parada são essenciais. Além disso, oriento os pacientes
idosos, pessoas com doenças articulares prévias ou em uso de imunossupressores
a utilizarem repelentes diariamente como medida preventiva”, destaca o médico.
Tratamento adequado
Quanto ao tratamento, o Dr. Márcio explica que ele deve
começar com medidas básicas e avançar conforme a gravidade. “Inicialmente,
utilizamos analgésicos para aliviar as dores. Em casos sem coinfecção com
dengue ou comprometimento renal, podemos recorrer a anti-inflamatórios não
hormonais. Já para os pacientes com sintomas persistentes, o uso de baixas
doses de corticoides ou medicamentos como metotrexato ou leflunomida,
devidamente prescrito pelo médico reumatologista, tem mostrado bons
resultados”, conclui o especialista.
Com o aumento dos casos em Cascavel, a conscientização e o
manejo adequado da Chikungunya são cruciais para evitar complicações graves e
melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A população deve estar atenta aos
sintomas e buscar atendimento médico ao menor sinal da doença.