Cursos fora do comum ganham preferĂȘncia dos estudantes

   

Brasileiros cursam Engenharia Aeroespacial na ItĂĄlia
Crédito: divulgação

Engenharia Aeroespacial, Biotecnologia e Diplomacia são algumas opçÔes pouco populares, mas muito procuradas

Cursos de graduação pouco conhecidos, mas muito concorridos, despertam cada vez mais a atenção e a procura de estudantes brasileiros, em instituiçÔes nacionais e internacionais. O aumento de inscriçÔes de brasileiros em universidades americanas, por exemplo, foi de 41% em 2020, segundo o sistema de admissĂŁo Common Application

As mudanças nas escolhas das carreiras ocorrem diante de boas expectativas de empregos e salårios, nas chamadas "profissÔes do futuro". Engenharia Aeroespacial, Biotecnologia, Diplomacia, Empreendedorismo em Engenharia (Engineering Entrepreneurship), Ilustração, Gerontologia, Informåtica Biomédica e Telemåtica são exemplos de cursos nem tão populares, mas que oferecem carreiras promissoras e fora do comum.

Foi o que buscou o estudante Estevam Sanches, de 18 anos, aprovado no curso de Engenharia Aeroespacial no Instituto Politécnico de Turim, na Itålia. Aluno do Colégio Positivo, em Curitiba (PR), Estevam conta que o plano inicial era Engenharia Mecùnica, jå que tinha muito interesse por Matemåtica e Física. Com incentivo familiar, resolveu buscar oportunidades fora do Brasil e encontrou o que chamam de "engenharia do futuro".

Com duração de trĂȘs anos, o curso de Engenharia Aeroespacial oferece disciplinas como PropulsĂŁo, MecĂąnica Estrutural, Materiais, Controle, MecĂąnica de Voo e Orbital, TelecomunicaçÔes, TĂ©rmica, AerodinĂąmica e EletrĂŽnica. A formação permite projetar, controlar e testar sistemas do setor aeroespacial. É possĂ­vel trabalhar em pesquisas cientĂ­ficas, universidades e empresas pĂșblicas ou privadas do setor, alĂ©m de indĂșstrias, agronegĂłcio e ĂłrgĂŁos de defesa. No Brasil, esse curso Ă© ofertado pelo Instituto TecnolĂłgico de AeronĂĄutica (ITA), onde a concorrĂȘncia pode chegar a mais de 100 candidatos por vaga - e pelas Universidades Federais de Minas Gerais, Santa Maria, BrasĂ­lia, MaranhĂŁo, ABC e Santa Catarina.

Pela chance de interagir com novas culturas e lĂ­nguas, Estevam optou por fazer o curso na ItĂĄlia. “O preparatĂłrio do Positivo me ajudou muito, me deu todo o apoio, e os professores escreveram boas cartas de recomendação”, lembra ele, para quem o teste de seleção italiano “nĂŁo foi tĂŁo difĂ­cil”.

A mesma carreira foi escolhida por Pedro de Almeida. Destaque no Ensino MĂ©dio e nas OlimpĂ­adas Brasileiras de Astronomia (OBA), Pedro, que sempre quis estudar no exterior, foi aprovado para o mesmo curso na ItĂĄlia, em segundo lugar. “A Engenharia Aeroespacial nĂŁo Ă© um curso muito comum e na ItĂĄlia sĂŁo apenas trĂȘs disciplinas por semestre. Nesse primeiro, que iniciou em agosto de 2021, sĂŁo: MatemĂĄtica AnalĂ­tica, QuĂ­mica e CiĂȘncia da Computação. É uma forma diferente de estudar, mas que necessita de muito empenho”, explica Pedro, que tem fluĂȘncia em inglĂȘs e francĂȘs e agora tambĂ©m fala italiano. “Esta Ă© uma profissĂŁo do futuro, mas tambĂ©m do agora, se considerarmos as tantas jornadas espaciais que estĂŁo acontecendo. É uma ĂĄrea em grande evolução e com muitas oportunidades; realmente promissora”, avalia. “Mas como qualquer coisa na vida, precisa de muita determinação e vontade”, completa.

O currĂ­culo tambĂ©m conta muito, como lembra o professor Heverton Ragazzi, gestor do ColĂ©gio Positivo - Ângelo Sampaio. “O aluno precisa demonstrar tudo o que fez ao longo da vida acadĂȘmica, principalmente açÔes realizadas alĂ©m do proposto na rotina escolar diĂĄria, como envolvimento em atividades relacionadas aos esportes, ciĂȘncia, arte, voluntariado, bem como os resultados em avaliaçÔes externas, como olimpĂ­adas do Conhecimento, ENEM, entre outros”, salienta.

No caminho da Higher Education

De acordo com a Associação Brasileira de AgĂȘncias de IntercĂąmbio (Belta), em 2020 e no primeiro semestre de 2021, os programas de Higher Education (graduação e pĂłs-graduação) foram o foco de estudantes brasileiros. É o caminho que pretende seguir Artur Ulsenheimer, de 16 anos. Aluno do TerceirĂŁo no Positivo International School, ele revela que a Engenharia lhe atrai, por ser a profissĂŁo de seu pai, mas que tambĂ©m sempre foi apaixonado pelo espaço. “Juntando esses meus dois interesses, e explorando as opçÔes de cursos de diversas universidades, encontrei a Engenharia Aeroespacial e decidi estabelecer a meta de tentar estudar nos EUA. Por isso, comecei meu processo de aplicação para lĂĄ, focando de maneira mais contundente nos estados da FlĂłrida, CalifĂłrnia, Texas e Nova York, por serem polos tecnolĂłgicos renomados”, revela.

A colega de Ensino MĂ©dio do Artur, Marina Telles, de 14 anos, tambĂ©m busca uma carreira pouco convencional: a Diplomacia. Segundo a mĂŁe da estudante, Aline Telles, a garota tem essa ideia desde pequena. “Ela sempre disse que queria ser diplomata e nĂŁo sei como surgiu esse desejo, pois eu e o pai dela somos da ĂĄrea de Exatas e nĂŁo hĂĄ ninguĂ©m na famĂ­lia ou amigos que tenham seguido essa profissĂŁo”, conta.

A carreira de diplomata, escolhida por Marina, nĂŁo possui um curso de graduação especĂ­fico, mas sĂł pode ser ocupada por pessoas com o terceiro grau completo. Os interessados precisam ser aprovados em um concurso pĂșblico, realizado pelo Instituto Rio Branco – ligado ao MinistĂ©rio das RelaçÔes Exteriores. ApĂłs a aprovação, passam por um curso de formação com duração de 15 meses, que inclui disciplinas como PolĂ­tica e Direito Internacional, Economia e HistĂłria da PolĂ­tica Externa Brasileira. AlĂ©m disso, aprendem princĂ­pios da Administração PĂșblica, TĂ©cnicas de Negociação, Ciberdiplomacia e Diplomacia PĂșblica, com planejamento diplomĂĄtico, prĂĄtica consular, promoção comercial e linguagem diplomĂĄtica.

“Eu gosto de conhecer culturas novas, conversar com pessoas, aprender novos idiomas. Pretendo fazer uma faculdade fora do paĂ­s e outra aqui, alguma que me ajude com a Diplomacia, mas nĂŁo Direito. "Para isso, a estudante do 1.Âș ano do Ensino MĂ©dio reforça as aulas de inglĂȘs e francĂȘs, disponibilizadas na escola.

Olhar para os interesses dos alunos e das InstituiçÔes de Ensino Superior faz diferença, reforça o professor Heverton. “O mercado de trabalho atual exige um perfil diferenciado, com pessoas reflexivas, atĂ© porque, em muitos segmentos, o operacional tem sido substituĂ­do por processos robotizados. Dessa forma, hĂĄ a necessidade de pessoas cuja ação esteja pautada na estratĂ©gia, independente do curso”, conclui o educador.



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