Em tempos de pandemia, a ação que une as pessoas em torno de uma causa
ou de um grupo é muito importante para diminuir o sofrimento e até mesmo
aplacar a fome de muitas de pessoas. Em São Paulo, a solidariedade tem sido o
ponto de esperança das “mães solo” que criam seus filhos sozinhas.
Levantamento feito pela ONG Rede Nossa São Paulo aponta que 33% das
mulheres que moram na capital, mais de um milhão delas (1.219.438), são mães
solo. Elas, que já viviam uma rotina muitas vezes de tripla jornada para dar
conta da criação dos filhos, do trabalho e da casa, estão em uma situação de
maior vulnerabilidade devido à pandemia de Covid-19, que impõe o isolamento
social para minimizar a propagação do vírus. Em 31% das casas sustentadas por
elas, já faltou dinheiro para comprar produtos de limpeza e em 35% faltou
comida.
O Coletivo de Apoio à Maternidade Solo, que atua na capital
paulista e cidades do ABC, trabalha para mudar a realidade das mulheres, de
forma a impactar o desenvolvimento de centenas de crianças. O projeto foi
criado em março de 2020 por iniciativa de Thais Cassapian, porta-voz do
coletivo. Mãe solo e professora da rede pública, ela nunca imaginou que viveria
a realidade da maternidade solo.
“Foi a partir do coletivo que eu comecei a ver o recorte das
mulheres que estão na periferia, sem poder trabalhar, com filhos dentro de casa
sem irem à escola. Como muitos, eu enxergava apenas as vulnerabilidades da
minha maternidade solo, que é a de uma mulher branca com emprego, ou seja, é um
outro lugar de fala. E por enxergar esse cenário, acabamos crescendo pouco a
pouco”, relata Thais.
Por meio de um aplicativo de mensagens, Thais conseguiu tecer uma rede
virtual de voluntários que se organizam arrecadando, montando e entregando kits
de doações a 120 famílias atendidas pelo grupo na capital paulista e nas
cidades de Itapevi e Osasco.
“Temos várias pessoas nessa corrente, desde professores,
administradores, passando por artistas, pessoas de todos os segmentos que foram
se sensibilizando e sentiram esse desejo de contribuir e somar. A palavra
“Coletivo” tem este significado, somar esforços, cada um dentro da sua
possibilidade, cada um fazendo uma parte de todo esse processo e fazendo o
alimento chegar até as pessoas que precisam”, diz Thais.
Todo mês, o coletivo entrega um kit com: cesta básica, frutas e legumes,
20 ovos, 12 litros de leite integral, um pacote de fraldas descartáveis (para
famílias com bebês) e uma lata de fórmula infantil (para bebês que não estão em
aleitamento materno).
O grupo vai além, buscando parcerias e consultorias para as mulheres que
estão sendo ameaçadas de despejo, para as que precisam receber acompanhamento
psicológico e sobre aleitamento materno. As contribuições muitas vezes ajudam
na compra de coisas básicas, como um berço ou gás de cozinha.
“A nossa intenção é que mais kits cheguem a um número maior de mulheres.
Que possamos aumentar ainda mais essa rede de apoio para oferecer não só comida
ou consultoria, mas também oportunidades de emprego”, completa Thais.
Como ajudar o coletivo
As doações para o coletivo podem ser entregues no endereço: Rua Pedro
Madureira, 175 - Jd. São Paulo, ou por meio do site
https://www.coletivomaternidadesolo.com.br/
COLETIVO DE APOIO À MATERNIDADE SOLO
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